sábado, dezembro 30, 2006

No meio da neblina, uma luz aparece...


Acaricias-me a minha alma sempre que falo contigo, nem é preciso estarmos em pessoa para me tocares... Não sei como consegues ver-me tanto assim, perceber tão bem como eu sou, como eu penso, como eu sinto... Mas será que me vês mesmo? Tantas vezes já me disseram que me viam e afinal... não viam, só olhavam... porque afinal nunca me conseguiram compreender... e depois magoavam-me....

Os meus olhos procuram-te no meio da neblina, mas só consigo descortinar alguns vultos... de tempos a tempos consigo ver uma cara, às vezes um coração, mas nunca o todo. Ver mesmo o todo é tão complicado. Quando somos jovens podemo-nos esconder na neblina porque temos medo do desconhecido, quando começamos a crescer e a bater com a cabeça já nos escondemos não pelo desconhecido, mas pelo que já conhecemos.... e às vezes é isso o mais assustador, porque nunca sabemos quando as coisas se repetirão.

No entanto, quando a neblina começa a oprimir há sempre uma mão que nos guia até um sítio mais claro... e que nos mostra que há muito mais do que a neblina ainda nos esconde do nosso futuro. Há sempre um amigo que se lembra de nós, que nos diz uma palavra amiga, os nossos pais que nos tentam sempre proteger, mesmo indo durante a noite ver se estamos a dormir bem, um animal de estimação que sempre que nos vê, vem dar as boas vindas e chamar para a brincadeira...

É certo que não esquecemos o que está por detrás da neblina e queremos ver... e ganhamos esperança sempre que vemos uma luz... mas qual das luzes é a certa? Ás vezes dava jeito ter um relógio que nos desse sinal sempre que deveríamos fazer a escolha certa, não perder o tempo certo... não deixar escapar a oportunidade certa, porque afinal à muita coisa que nos escapa quando perdemos o comboio...

O batuque da nossa dança começou... dançarás comigo? Dançarei eu contigo? Dançarei com quem? Começas a puxar-me pela mão e fazes-me rodopiar... Sabes que eu quero dançar e que gosto de dançar... mas saberás dançar comigo? Os nossos pés sincronizam-se e dançam ao som da música, estás-me a conduzir na dança, eu sinto o teu coração a bater... eu vejo os teus olhos enquanto dançamos, mas ainda não me deixas ver tudo do que eles são espelho... eu não quero um espelho embaciado... quero um espelho limpo e claro... se calhar podes pensar que eu "quero" muita coisa, mas afinal não queremos todos?

Quando eu danço, eu entro mesmo na música, eu danço mesmo com o meu par... tal como ele me faz rodopiar e faz rir, eu quero fazer o mesmo, afinal uma dança é a dois, o que damos também queremos receber...

Dancem, rodopiem, sintam o vosso par e guiem-no na vossa dança...iluminem-lhe o caminho para que saiba por onde pode caminhar, qual o caminho que ele pode escolher... afinal estamos todos numa grande neblina há espera de uma luz que nos guie...

1 comentário:

Bruno Armindo Macedo disse...

Os "autistas" sofrem sempre mais que os cegos, fomos habituados a sentir a mais e a ler o que os outros não lêem e pagamos caro...eu sei...oh como sei... Mais um texto que me despe outra vez Lina..novamente nu... o problema não é a vergonha mas sim aquela esmeralda vermelha que já quase perdeu o brilho e que vive dessa sensação tão única quanto a união de almas... Quem dançara? Não sei...sei que a busca do tango ao ritmo dos corpos e sem medo da plateia e sem nunca acabar a dança num rodopio onde os pares se afastam mas antes num movimento sensual e brusco onde eles se juntam é o que faz destes textos e outros vicio...
O que sei.....bem nem tudo o que sei te posso dizer porque tu já o sabes...tu já o lês...Mas seja quem for terá um par lindo, por dentro e por fora, do melhor conto de fadas terá a princesa que sempre quis porque és bela, terá a mão amiga que sempre precisou porque és sensível e um coração meigo e puros que o mundo conhece, terá uma gueixa da arte e detalhe que só o oriente conhece, terá a amazona moderna que vence...terá a Mulher que qq homem sonhou e muito mais...porque para alem da dança..tu lês... Bruno