
Eu não sou uma escritora, mas tenho as minhas próprias palavras. Nem sempre elas saem com facilidade e força, nem sempre as sinto como minhas, levando-me a apagar tudo o que já tinha escrito.... mas outras vezes, lentamente elas vão surgindo, uma à uma... cada uma trazendo um significado, cada uma trazendo um pouco de mim.
Serei eu uma criança a aprender a escrever e a ler as minhas palavras? Quem é o meu professor, mentor, ou simplesmente Deus? Dizem que a fé responde às nossas questões. É possível, eu tenho fé e acredito. No entanto, acredito naquilo a que chego à conclusão em cada etapa da minha busca por algo que muito cedo começou... Interrogações e curiosidade sobre algo que era inatingível e não tinha respostas. Sobre algo que me fazia inquietar e que não tinha paz. Li muito, livros de todo o tipo; observei a vida em meu redor; conheci realidades pela televisão que não poderia conhecer de outra forma, uma vez que estou longe; fui conhecendo aos poucos várias religiões e filosofias que preconizam a melhor forma de alcançar o Paraíso, Nirvana, ou simplesmente a paz de espírito. Não posso dizer que encontrei tudo aquilo que procurava. Ainda hoje tenho muitas questões... mas aos poucos vou conseguindo chegar a uma conclusão, juntando peça por peça, utilizando lógica, coração e fé. No meu seio, eu sei... eu sei que já encontrei partes da minha resposta. Talvez não será a resposta para todos aqueles que se interrogam como eu, mas é a resposta para mim. Nem sempre existem respostas universais, porque se formos a pensar não somos iguais. E não sendo iguais, as respostas não serão as mesmas.
Há dias em que os nossos pensamentos surpreendem-nos mesmo a nós próprios... e que surgem muitas vezes nos nossos sonhos porque não os expelimos quando o devíamos... Pensamentos de tristeza, de medo de algo, de esperança, de algo sobre nós próprios que ainda não sabíamos bem... Como posso dizer que não me conheço? Eu que vivo neste corpo há 21 anos, que aprendi o que sei hoje através das minhas experiências e vendo as dos outros... Mas sinto no meu peito que há muito mais a viver e experienciar, que tenho algo a fazer, algo a dar, algo a contribuir. É nessa minha busca pelo meu destino que faço as minhas escolhas, sejam elas boas ou más, uma vez que todas e cada uma me leva um passo mais adiante no meu caminho. Ás vezes quando sinto uma certa ansiedade dentro de mim, é sinal que tenho que me mexer, apanhar oportunidades que me aparecem e aproveitá-las já que quando se encontra numa busca, não podemos parar para descansar. Senão corremos o risco de nos esquecermos do nosso objectivo, de nos perdermos no nosso caminho e ficarmos ali naquele ponto que deveria ser somente um ponto de passagem. Deitar a cabeça na rocha do caminho e dormir não é a resposta. De certeza que a resposta não está somente no fim do caminho, mas é no fim do caminho que cada pedacinho do puzzle da resposta é posto no seu lugar, dando-lhe um sentido.
Por isso, eu quero voar e partir para novas paragens. Tenho que sentir a brisa na face, o calor suave do sol, e a luz da lua que me ilumina o caminho. Tenho que encontrar a próxima pista, resolvê-la para poder continuar na aventura. Eu preciso de voar, preciso de liberdade... viver a minha vida e decidir por mim própria, deixarem-me ser útil, deixarem-me conhecer-me a mim e aos outros... seguir caminhos inexplorados , mas que estão ali aliciando-me com o seu desconhecido. Viver...
Será mesmo que vivemos uma única vez? Será possível, que tanto sentimento, tanto pensamento, tantas palavras e obras foram sentidas, pensadas, ditas e feitas para um dia desaparecerem no vento? Que tantas almas possam existir mesmo pondo a hipótese de o Paraíso ser infinito? Dizem que quando as nossas palmas das mãos estão cobertas de riscos, é um sinal do quanto a nossa alma é velha... que já vivemos afinal mais vidas do que aquela presente. As minhas já contêm bastantes, mas não é por isso que me sinto mais sábia. Será que trazemos lições de outra vida para a próxima de maneira a nos aperfeiçoarmos e chegarmos à felicidade última: o conhecimento do passado, do presente e do futuro? O conhecimento do porquê de existirmos, a razão e objectivo da criação de vida, o porquê de por enquanto sermos o único planeta (segundo sabemos) que contém tanta forma de vida? Dizem que Buda alcançou este conhecimento, o Nirvana. Poderemos todos nós sermos um dia Iluminados? Talvez um dia... nada é impossível...